Centro é um dos apoiadores do evento e colaborou com encontro preparatório realizado em agosto, no qual comunidades apresentaram demandas e foi gravado documentário.
O Movimento de Defesa das Favelas (MDF) e a Secretaria de Favelas da União dos Movimentos de Moradia (UMM) promovem, nos dias 17 e 18 de outubro, o 2º Encontro de Favelas na Zona Leste, espaço para os moradores das comunidades debaterem o tema “A luta pela urbanização e posse da terra nas favelas”. O Centro de Estudos da Favela (CEFAVELA-Cepid/Fapesp) é um dos apoiadores do evento e colaborou com o encontro preparatório organizado em agosto deste ano para a discussão prévia, realizado na favela Vergueirinho, em São Mateus, e na sede do MDF, na Vila Alpina, na cidade de São Paulo.
O 2º Encontro de Favelas da Zona Leste terá a abertura oficial dia 17 de outubro, às 19h, na Faculdade de Arquitetura da Universidade Mackenzie, com uma saudação dos parceiros na mesa de abertura e um simpósio sobre urbanização e regularização de favelas. Jeroen Klink, diretor do CEFAVELA, participa da abertura. As atividades do segundo dia, 18 de outubro, serão realizadas no Centro Pastoral São José, no Belenzinho, das 8h às 17h, e tem público estimado de 150 pessoas, entre moradores e lideranças das favelas da região.
Na primeira parte da programação do dia 18, será realizada a abertura da exposição “Quais histórias de urbanização contadas pelas nossas favelas?” e o lançamento e exibição do documentário, atividades que serão apresentadas por Ana Gabriela Akaishi, Leonardo Pequi e Elton Conceição dos Santos, pesquisadores do CEFAVELA. A seguir, haverá uma mesa redonda sobre os desafios, e os impactos da urbanização de favelas e regularização fundiária, com convidados especialistas, entre os quais Rosana Denaldi, vice-diretora do CEFAVELA.
A participação do CEFAVELA nos encontros faz parte do projeto de extensão “Práticas metodológicas para a recuperação, sistematização e disseminação da memória relacionada às ações de urbanização de favelas na zona leste de São Paulo”, coordenado por Rosana Denaldi, Ana Gabriela Akaishi e Leonardo Pequi. Conta com mais 10 pesquisadores do Centro, entre pós-doutorandos, pós-graduandos e graduandos, e integra as iniciativas de transferência do conhecimento produzido pelos pesquisadores para a sociedade, um requisito fundamental de um Centro de Pesquisa, Difusão e Inovação da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Cepid-Fapesp) e uma diretriz do CEFAVELA.
Favelas discutem passado, presente e futuro em encontro preparatório
Os encontros preparatórios realizados em 23 de agosto na sede do MDF e na favela Vergueirinho tiveram como tema “A favela que fizemos e a favela que queremos”. Após a saudação, uma ciranda de boas vindas e uma explicação geral sobre o 2º Encontro, foi apresentada a proposta da oficina que tratou das abordagens da urbanização de favelas ao longo do tempo. A oficina foi estruturada por meio de uma roda de conversa inicial, na qual os participantes discutiam temas diversos, guiados por uma ficha-modelo intitulada “Quais histórias de urbanização contadas pelas nossas favelas?”. Os participantes foram divididos em grupos e cada um teve um pesquisador ou pesquisadora do CEFAVELA fazendo a coordenação das discussões e auxiliando no preenchimento da ficha, quando necessário.






A ficha continha oito perguntas, entre elas para que os moradores contassem o tipo de intervenção realizado na favela onde morava, que instituições ou pessoas participaram dessa intervenção, os recursos empregados na urbanização, como a intervenção mudou a favela e quais ações para o futuro gostariam de ver realizadas. Após esta fase, houve compartilhamento das informações entre os grupos, dando possibilidade a todos de entenderem os diferentes aspectos e visões de suas experiências.
Esta etapa da oficina serviu para que os participantes construíssem uma linha do tempo, montada na parede, com fotos e registros por escrito dos momentos e ações importantes em termos de urbanização da favela. Além de compartilhar conhecimentos e experiências que serão levadas para o 2º Encontro, esta atividade ajudou os moradores a recuperarem seu histórico de luta, a perceberem o que funcionou e não deu certo nas intervenções feitas nas favelas e a organizarem suas demandas futuras.
O resultado dessa atividade foi documentado, estudado e convertido em um conteúdo visual que será apresentado na exposição, inclusive utilizando fotografias cedidas pelos próprios moradores e pelo MDF. Esta exposição, denominada, “Quais histórias de urbanização contadas pelas nossas favelas?”, representa a voz dos moradores de favelas urbanizadas que continuam a lutar pela conclusão dos processos de urbanização e regularização, ao mesmo tempo em que se orgulham das conquistas alcançadas.
“Precisamos retomar o debate sobre política pública de urbanização e regularização fundiária. Nascemos dessa luta e ela precisa continuar”afirmou André Silva, líder do MDF, durante a abertura do Encontro Preparatório, lembrando que o tema perdeu centralidade, dando como exemplo a imprensa, que tem feito mais reportagens sobre remoção e reintegração de posse do que sobre intervenções para melhoria da vida da população nas favelas. “É importante termos os pesquisadores ao nosso lado, porque o saber da academia, aliado ao nosso conhecimento e práticas cotidianas, nos ajuda a pensar estratégias. Quem sabe mais, luta melhor”, prosseguiu, ao mencionar a parceria com pesquisadores na iniciativa.
Rosana Denaldi, vice-diretora e pesquisadora principal do CEFAVELA, apresentou um histórico da constituição do Centro, sediado na Universidade Federal do ABC (UFABC). A seguir, ela fez um rápido resumo sobre o histórico de intervenções nos territórios das favelas. Ela lembrou que, de início, ou ignorava-se a presença das favelas ou se discutia ações de despejo. Nos anos 1970-1980, começaram as intervenções mais simples, como proporcionar abastecimento de água, energia e asfaltamento. Posteriormente, caminhou-se para o que se entende como urbanização integrada, que incorpora componentes como construção de equipamentos sociais, áreas verdes e de lazer, melhoria habitacional, produção de novas moradias, eliminação de situações de risco e recuperação ambiental.
“É por essa urbanização que propicia saneamento, melhoria habitacional, se preocupa com questões ambientais, equipamentos etc que temos de trabalhar, e nossos estudos se dirigem a esses temas, entre outros. Não queremos apenas fazer pesquisa, mas contribuir, de fato, com os movimentos sociais para melhorar a vida dos moradores das favelas, daí nosso apoio a iniciativas como a do Encontro”, concluiu.
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SERVIÇO:
2º Encontro de Favelas na Zona Leste
Primeiro dia: 17 de outubro, 19h
Faculdade de Arquitetura da Universidade Mackenzie
Rua Itambé, nº 143, Higienópolis, São Paulo.
Segundo dia: 18 de outubro, 8h às 17h
Centro Pastoral São José
Avenida Álvaro Ramos, nº 366, Belenzinho, São Paulo.
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Sobre o CEFAVELA
Com sede na Universidade Federal do ABC (UFABC), o CEFAVELA é um Centro de Pesquisa, Inovação e Difusão (CEPID) financiado pela FAPESP e comprometido com o desenvolvimento de pesquisas, formação de recursos humanos, transferência de tecnologia e difusão de conhecimento para a sociedade sobre as favelas, em articulação com diversas instituições, movimentos e organizações sediadas e comprometidas com a agenda territorial das favelas. O CEFAVELA busca, por meio de uma abordagem interdisciplinar e multiescalar, gerar, articular e disseminar conhecimentos para ampliar a compreensão das dinâmicas territoriais das favelas e as formas de reprodução de desigualdades espaciais, bem como dos limites e potenciais de programas e políticas de melhoria desses territórios no contexto urbano contemporâneo.
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